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“Se o governo não ajudar, quebramos em um mês.” A reportagem do Paladar escutou essa afirmação repetidas vezes, em conversas com chefs e donos de restaurantes sobre a atual crise na restauração, causada pelo surto do coronavírus.
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Na tentativa de diminuir os danos ao faturamento, o restaurantes correram e se cadastraram no sistema de delivery e take away (pegue e leve) temporário. “Hoje, o delivery é uma questão de sobrevivência”, diz um dos proprietários consultados.
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Alguns restaurantes utilizam sistema próprio de entrega -, adaptar cardápios e embalagens. A medida, porém, é suficiente para cobrir nem os custos fixos de um estabelecimento, que incluem aluguel, folha de pagamento dos funcionários, tributos e contas de consumo, como água e luz.
Além do delivery outras medidas paliativas usadas pelos bares e restaurantes é a venda de vouchers, nos quais o cliente paga hoje e para usar depois da crise, assim como banco de horas e férias coletivas.
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Segundo Renata Vanzetto, chef e sócia dos cinco restaurantes do grupo Eme – que são Ema, MeGusta, Matilda, Muquifo e Mé – afirma que o delivery “está saindo bastante, mas nada se compara ao faturamento diário”, que segundo ela caiu 80%. O que entra agora “não paga nem o salário de quem ficou”, lamenta.
A chef contou à reportagem que na última terça-feira (17) precisou demitir 25 funcionários dos 120 que mantinha na empresa antes da crise. “Se a gente continuasse com a folha no volume que estava, a gente ia quebrar e todo mundo perderia o emprego.”
Como o salário da equipe é uma das principais preocupações do setor, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) reivindicou, em conversa com o presidente Jair Bolsonaro e o Ministro da Economia Paulo Guedes, que o Governo Federal arque com a folha de pagamento dos funcionários de restaurantes cadastrados no Simples Nacional.
“Se isso não acontecer, em 30 ou 40 dias, serão mais de 3 milhões de pessoas na rua, o que vai agravar ainda mais o problema”, afirma Percival Maricato, presidente da Abrasel em São Paulo. Em contrapartida, os restaurantes se comprometeriam a manter o quadro de funcionários e demais obrigações trabalhistas.
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O Ministério da Economia já concedeu prazo maior para o pagamento dos tributos federais do Simples Nacional. Desta forma, o acerto referente aos meses de março, abril e maio deste ano fica postergado para outubro, novembro e dezembro, respectivamente. Sobre a folha de pagamento, Guedes afirmou aos representantes da Abrasel que a proposta segue em análise no ministério.
Em âmbito municipal e estadual, a Abrasel reivindica o adiamento no pagamento de impostos e taxas, como o IPTU, além da criação de linhas de financiamento viáveis para os estabelecimentos. “Existe um fundamento jurídico, o próprio governo está restringindo a atividade [dos restaurantes], diminuindo o faturamento dos mesmos. Ele não pode esperar que tenham dinheiro para arcar com as taxas e tributos”, afirma Maricato. Ainda segundo Maricato, “99% das empresas do setor não têm reservas técnicas”.
PALADAR RESTAURANTES E BARES / ESTADÃO
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